domingo, 6 de junho de 2010

Sobre amor e libélulas

Um dia desses estava escorado na janela de um hotel qualquer quando uma libélula pousou a poucos centímetros do meu braço. Na hora, eu não sabia ao certo se aquilo era uma libélula, ou uma cigarra, ou um inseto gigante qualquer. Nunca soube, e os poucos segundos que perdi tentando classificar o bicho foram suficientes para que ele sumisse. Bateu asas e escafedeu-se entre as árvores.
Eu tenho uma ligação especial com libélulas. Foi correndo atrás de uma que eu me estabaquei no chão, fraturando uma costela, perfurando o baço e sofrendo uma hemorragia interna que por pouco não me matou. Tinha cinco anos e, desde então, convivo com uma cicatriz que me atravessa o abdome, lado a lado. Tudo que eu queria era vê-la de perto, justamente para me certificar se o bicho em questão era cigarra, libélula ou “seja-lá-o-que-fosse”.
Se a necessidade de classificar uma libélula me rendeu duas semanas de internação, imagino o que me aconteceria se eu ficasse tentando classificar meus sentimentos. Inclusive, me cansa ver por todo lado gente tentando diferenciar um sentimento do outro. Se é amor, amizade, namoro, rolo, beijo, ficada, passatempo… Não tenho a mínima idéia, e nem quero ter! São inúmeras as espécies de relacionamento e a tentativa de classificar a todo minuto algo que, ás vezes, é simplesmente inclassificável pode resultar em muito mais do que um baço perfurado.
Ás vezes, perdemos a noção de que cada minuto da nossa vida pode ser o derradeiro, de que cada ligação telefônica pode ser a última, bem como aquela pessoa, de quem você ainda não sabe se gosta, pode ser o seu último romance.

[Lucas Silveira]

boa noite

e eu sabia que naquele momento eu estava sendo cruel. eu estava sendo alguém tão cruel tanto - ou talvez até pior - quando aquela que estava em sua cama. eu sabia que estava despertando outra vez os desejos de quem eu não deveria; de alguém que naquele momento eu desejava. era tudo tão provocante. o sexo estava no ar. estampado em sua face como a tatuagem recém feita. ardente, avermelhada e sudorípara de emoção. tudo o que eu não planejava, era estar ali, nas escadas, em seu colo. enquanto sua parceira daquela noite banhava-se em seu apartamento. porém, não era o fato de ela estar lá que incomodava-me. era o fato disto ser tão não planejado. o que apenas tratava-se de despertar um desejo tão provocante e raivoso, agora era questão até que balançava o coração. meu pulso branquelo tinha as marcas de suas mãos que antes haviam me segurado. e agora, estava ali, abrigada em seu colo, protegendo-me do frio das escadas encimentadas ao mesmo tempo em que beijava e mordiscava seu pescoço. ele recusava-se a voltar ao seu apartamento. e para mim estava confortável ali. fisicamente.
-por que me queres agora?
-porque tu não me quer agora.
essas palavras não saiam da minha cabeça. e isso tornava tudo tão desconcertante e desconfortável. eu sabia que ele teria de subir e eu teria de descer. ele estava excitado e ela ainda estaria lá. isso me desconcertava. em seu ombro, meus olhos enchiam-se de lágrimas. ele me queria, ele me desejava. mas aquela noite ele não me teria. mas ele a teve. e ele a teria o quanto fosse preciso. eu o desejava ardente e intensamente. eu desejava sua força, eu desejava seu carinho e brutalidade; eu desejava sua boca, língua, dentes; eu desejava suas mãos apertando-me contra seu corpo e suas pernas enroscando-se nas minhas. foi a noite em que mais o desejei, a noite em que mais o tive. a noite que mais o neguei.
-não encoste em mim. - eu disse. e assim o fez. seus lábios permaneceram a distância de mim, enquanto eu os desejava tanto. mas eu não cederia aquela noite. não cederia para ele. não cederia para mim.
e minhas razões eram misturadas. prazer, orgulho, sentimento, razão, ódio, nojo, valorização, vontade, desejo, tentação, perigo, proibido, tesão, libido, excitação, tristeza, desapontamento, sadomasoquismo, masoquismo puro.
saí de seu colo e tive outra vez a frieza da escadaria. que contrariava qualquer outra coisa ali presente. nossos corpos, a tensão. era fogo puro. como se eu tivesse atirado um toco de cigarro em uma casa de madeira. nós éramos o fogo penetrando aquela madeira toda. estávamos lado a lado. talvez uma metáfora de como as coisas de fato deveriam ser. apenas lado a lado e nada mais. mãos inquietas por entre os joelhos. olhos que revezavam-se entre fitar-se uns aos outros e os próprios pés. mas o tempo não pára. para ninguém.
-tu precisa ir.
-é... preciso.
-olha pra mim.
deslizo meus lábios sobre os dele, subindo ao encontro da testa. inevitavelmente pela vontade descontrolada. e então, sim... o beijo na testa. claro que, isto significaria respeito, em condições normais... mas o que há entre nós?...
-boa noite.
-boa noite.
ele subiu, eu desci. sentei no sofá, agarrei-me a uma almofada e fiquei olhando para fora através da sacada, cuidando para vê-lo saindo com ela, levando-a para casa. o que eu esperava anciosamente que acontecesse.
"cheguei. eu gosto de ti e estou te desejando."
"te gosto, mas não esta noite."
ele sabe exatamente que só deixo ambiguidade no ar quando ela é verdadeiramente necessária. como era naquele momento. eu não o gostava naquele momento. pois ele me gostava. eu o desejava, mas o negava. pois ele fazia o contrário. e eu já havia falado sobre "te gosto" para ele. ele sabe que é diferente de "eu gosto de ti". coloquei o celular no silencioso e adormeci.

terça-feira, 11 de maio de 2010

por amizade.

nós, pessoas, somos de fato, realmente muito engraçadas. temos pessoas em nossas vidas, que andam ao nosso lado (ou não), mas, inevitavelmente, fazem parte da nossa vida, nós querendo ou não. mas dessa vez, falarei dos amigos.
em geral, é muito normal criarmos grandes espectativas em relação às pessoas. sempre esperamos o melhor dos outros. é normal. é instinto. assim como esperamos ser melhores sempre, consequentemente, é o mesmo que esperamos do próximo. porém, ninguém se dá cem por cento. quanto mais querer exigir cem por cento do outro. cadê nossa noção, oras?!... e então, é difícil reconhecer que amigos são os que nos enfrentam e brigam com nós, para querer nos mostrar a verdade. mas ora essa. por que temos tanta dificuldade em enxergar isto? é difícil, mas nos cegamos de certa forma que vendamo-nos com orgulho, e falamos coisas sem noção. como aquela velha frase em discussões: "pra ver quem são nossos amigos!". quem nunca disse isto que atire a primeira pedra. mas já digo. que coisa mais ridícula! já reparou como isto não faz sentido algum? você perdeu o chão pois decepcionou-se com alguém por quem tem tanta consideração. mas por acaso parou pra pensar realmente em quem são os amigos? se você se decepcionou com a pessoa, é porque há sim consideração. é porque sim, você é amigo dessa pessoa. 
amigo não é só quem te faz feliz. o amigo vai te fazer infeliz também. vai te encher o saco com os problemas dele, vai encher o saco para saber dos seus. o amigo vai te fazer chorar de emoção com palavras bonitas. e vai fazer com que corram lágrimas amargas, profundas de seu coração, por ter sido sincero e ter dito tudo o que tu esperava não ouvir. o amigo vai te levar nas melhores festas da sua vida, vai te fazer gargalhar até a barriga doer, vai te fazer companhia nas aulas e em tardes vazias. mas também vai te deixar só quando for preciso, vai te repreender por algo que saiu do consenso, vai te xingar por uma atitude. o amigo vai estar lá para te abraçar sorrindo quando você obteve sua conquista. e também vai te esperar com uma cara desolada e braços abertos quando você tiver triste. vai chorar contigo e ajudar a secar suas lágrimas quando você não enxergar mais a tal da luz no fim do túnel. ele vai fazer qualquer coisa para arrancar-lhe um sorriso quando estiver chorando. vai ser sincero. vai tentar soltar uma piada, vai fazer uma palhaçada. o amigo de verdade, já arriscou sua própria pele para te tirar daquela enrascada que você entrou por alguma besteira. esse cara sim, é seu amigo. ele te enfrentou, ele arriscou a amizade para que vocês mantessem um consenso. e aí, na hora da raiva, o quanta besteira que pode magoar profundamente é dita?... "nessa hora a gente vê quem são os amigos!"?! reflita.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

a verdade,

é que eu sou louca por você.

segui em frente depois de algum tempo. segui em frente, pois apesar de tudo, era necessário. encontrei forças no amor que tu teve por mim. e minha gratidão por isto não tem preço que pague. fazem meses. eu sei o número exato de meses. e depois desse tempo todo, cá estou. eles passaram. elas passaram. eu passei. cá estou. cá estou, novamente contigo em mim. como pude me enganar dessa forma? como pude pensar que... é possível deixar assim, o amor da sua vida para trás? besteira. uma grande besteira. agora sei que, não importa se tu está aqui comigo ou não. se ainda lembra de mim, ou o que sentes (ou deixas de sentir). eu não me importo! a única coisa que me basta, é te amar. talvez tu saiba, talvez não. mas, oras! que mediocredade estou falando? te chamo de amor da minha vida e não importo-me em te ter aqui? poisé. eu te amo com tal intensidade que, talvez meu sofrimento por te amar e não te ter aqui, todas as impossibilidades dificuldades... faz com que eu não me importe. minha certeza agora é que o tempo... o tempo não faz esquecer, o tempo não deixa as coisas para trás! então para que relutar por algo que eu gosto? talvez teu amor seja meu ponto de sustentação, minha inspiração, minhas melhores lembranças. o amor em que mais me doei. em que esgotei tudo que havia em mim. o amor do qual não arrependo-me de nada. óbvio que desejo-te. desejo-te a todo momento. a cada instante. mas apenas te amar me faz feliz. 
eu sabia que o inverno chegaria e isto aconteceria. eu sabia que eu não estava brincando quando eu falava que te amava e que era para sempre. agora pago o preço pelas minhas palavras. o inverno está aqui. o cheiro do inverno me invade a cada manhã. assim como você. porém que se precede em sonhos. porém você não está aqui. as nossas músicas estão aqui. fazendo-me lembrar-nos e nos sentir. arrepiando cada célula do meu corpo, que grita por ti, por teu amor.
não espero que tu leia isto. não espero que tu me ame novamente. não espero nada de ti (mas que mentira depravada, oras!). mas espero o tempo que for preciso para que as coisas possam acontecer (por que estou envolvendo o tempo aqui? deixa comigo). passe o tempo que passar, a única certeza que tenho é que te amarei. te amarei com cada célula minha, como sempre. há coisas que não mudam. esta é uma delas. e pode escrever: ainda seremos nós dois outra vez.
PS: eu te amo.

domingo, 2 de maio de 2010

your girl

agora diga-me: quem você ve quando olha para ela? é a pessoa que ela realmente é, ou é apenas uma tentativa de refletir e espelhar-me nela?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

estranhos.

somos em torno de sete bilhões, espalhados por este mundão, que por vezes parece tão pequeno. juro que posso metaforizá-lo a um ovo. relativamente, todo mundo se conhece. na verdade não sei se é complexo de cidade pequena, mas tenho reparado que não é só por aqui que isto acontece. é em todo lugar, em todos os cantos. então, faço desta metáfora uma teoria. mas de qualquer forma, não é disto que quero falar.
quero falar sobre os estranhos a que somos destinados todos os dias. acredito muito em destino. não devemos passar tudo que passamos e tudo mais, sem algum objetivo. acho que tudo o que acontece tem razão, está acontecendo por alguma coisa que já passou, para ser usado futuramente para alguma coisa. é sempre assim. coisas são assim, atos são assim. pessoas são assim.
reparo muito em cada rosto que passa por mim todas as manhãs a caminho da escola. essas pessoas me interessam. são desconhecidos. mas sei quando alguma delas falta ali pela calçada. são estranhos, que ao mesmo tempo não são tão estranhos. mas estranhos é uma palavra tão bonita de ser usada. são estranhos que conhecem suas faces de quem acordou de bom humor, ou não; sabem quando você está com muito sono, ou saiu de casa às pressas; sabem também quando você não aparece ali; sabem para onde vai e tem uma noção de onde vem. são pessoas que possivelmente estarão ali em caso de algum acidente. são pessoas que podem ser no mínimo interessantes.
digo isto porque já interessei-me com vigor à um estranho destes. levou em média um ano para de fato conhecê-lo. um dia assisti a closer, e então foi possível ver o que estava acontecendo. quando nos conhecemos, de fato ele era muito interessante. o final desta história não preciso contar, não é?!
depois de closer, não vejo mais pessoas comuns ao meu redor. faço-as personagens. talvez estas sejam as tais expectativas que nunca devemos criar sobre as pessoas. mas não consigo evitar. - não é difícil saber que vivo em um mundo paralelo. pode ser coisa de autista ou psicopata. mas eu sou assim. sonhadora ao extremo. e sim, sei o limite entre sonho e realidade. embora o limite dos meus sonhos talvez eu nunca aprenda. por falta de vontade mesmo. ô preguicinha de deixar os sonhos para trás. pra quê? -.
e entre esses sete bilhões de pessoas, entre sete bilhões de olhares e sorrisos, como é possível parar em um olhar, um sorriso, e simplesmente dizer: "é ele (a)!"? apenas sei que para mim isto é tão inevitável quanto respirar. é involuntário, é o tempo todo. é aquele amor platônico e besta. por um estranho. por alguém que simplesmente passou por você. que lhe voltou o olhar, ou dirigiu um sorriso a alguém. e então você começa a fantasiar aqueles olhos nos seus. aqueles olhos olhando para sua boca e te desejando; aquele sorriso abrindo-se por uma razão que você causou. e é apenas um estranho. que sequer é capaz de imaginar o que você está pensando. sendo que o mesmo vale para você. inusitado é se pegar pensando: "será que ele(a) lembra de mim?". desta forma, cada esquina é um novo desafio, são novas vidas, oportunidades e amores. quem se apaixona a primeira vista, nunca deixa de olhar. e trai a cada olhar.
e então você pensa: "como será o nome desse estranho?", "o que mais ele faz da vida?", "o que costuma fazer nos fins de semana?", "como é a vida dele?". e então você cria a vida desse estranho dentro de si.
esse estranho pode morar no fim da rua, na quadra de cima ou de baixo. pode morar no andar de cima ou do outro lado do corredor. pode estudar na sala ao lado ou fazer noturno. esse estranho pode frequentar o elevador do seu prédio ou do seu trabalho. pode trabalhar no outro setor, ou ser cliente do seu colega. estranhos estão por todas as partes. é inevitável possuí-los. talvez tu sejas o estranho de alguém.
"eu sou seu estranho. arrisque." (closer)

terça-feira, 27 de abril de 2010

lindo pretérito.

aqui da frente, vejo o passado correndo atrás de mim, querendo puxar o meu pé. ele vem de várias direções. atravessei uma ponte sobre esse rio. a queimei. atrás, não, eu não posso voltar. apenas olho você, passado, ali, do outro lado deste alto penhasco onde há o rio. sei e posso voar, mas apenas em frente. não há ponte para que você chegue até mim. talvez possa haver outras rotas. não sei qual delas você pode tomar, e se chegará até mim. apenas sei que o que passou, do outro lado ficou. se é para voltar, é para trilhar somente com este lado. a partir do nada. porém, não insisto em procurar rotas para você. tu é que tens que me mostrar o que queres, se queres.
o que aconteceu do lado de lá, está em mim. como tantas coisas em caixinhas de lembranças. assim como de fato há. guardei com carinho. joguei fora o ressentimento e libertei o perdão. não importa como as coisas aconteceram. não importa o que aconteceu. culpa de quem? ninguém tem culpa. não há arrependimentos. não por mim. posso olhar para trás e apenas sorrir. porém, está ali, intacto. o que pode vir daqui para frente... pode ser tanto, pode ser pouco. pode ser nada. sem expectativas. esperarei para ver se corro ou apenas continuo andando em ritmo normal.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

c


eu fiz escolhas, eu achei uma oportunidade de ser feliz. o fato de eu saber que vocês eram contra, não significa que eu estava contra vocês, ou que os deixaria de lado e iria contra vocês para ser feliz. de fato, se precisasse eu iria. mas em momento algum isso foi preciso. eu nunca  os abdiquei em favor da minha própria felicidade. apenas fiz minha escolha e segui com ela. eu sei que isso influenciou muito em sobre o que vocês pensam sobre mim e todos os outros conceitos. claro, concordo plenamente no quanto eu mudei depois disso. mas a "culpa" não é somente de uma pessoa. a culpa é minha que quis mudar. busquei essa mudança em tantas outras pessoas. e apesar disso, eu sempre soube as coisas que aconteciam e ainda acontecem aí. talvez seja uma das coisas mais difíceis que há para enfrentar. e vocês bem sabem que a minha vida também não é doce assim. e o quão amarga ela já foi. eu tenho certeza que vocês sabem. afinal, segredos entre nós de fato não existem, né? pra quê esconder? manter aparências apenas piora as coisas. as transparece de modo que aí sim deveriam ter vergonha disto. e é justamente por isso. por ter passado e ainda passar por parte do que vocês passam... é que eu gostaria que vocês contassem comigo. eu tou aqui. de fato. de verdade. eu estou aqui. longe ou perto, tanto faz nessas horas. como se quem tivesse perto pudesse fazer alguma coisa. não, não pode não. eu sei que não pode. eu jamais negaria ajuda a vocês, ou deixaria de estar junto. eu nunca deixei, vocês é que deixaram. talvez vocês sintam falta. talvez não. já nem sei. afinal, que vida corrida, não? sobra tempo pra pensar nas pessoas que um dia amou e fizeram parte da sua vida? ou que ainda fazem e sempre farão. ao menos em sangue e lembranças não? é uma bagagem, a gente carrega junto onde quer que vá. e eu gostaria de contar com vocês também. eu gostaria de deixar as coisas a como uns dois ou três anos atrás. estavam bem, não estavam? minha essência não mudou. tenho certeza que a de vocês também. porque essência é uma coisa que a gente é incapaz de mudar. eu tenho tanta saudade de quando a gente ficava conversando até alguém dormir, dos filmes que a gente assistia, um pouco de carta que a gente jogava, das voltas que a gente dava. não tem explicação é de tudo. porque com vocês sempre foi mais especial. e foram justamente vocês que deram o fora. e que fique claro, que nunca troquei vocês, que nunca deixei vocês de lado. minha escolha era minha escolha. e eu só tinha essa escolha graças a vocês. porque vocês confiaram em mim, porque eu confiei em vocês. porque vocês foram meus amigos. e eu não queria desapontar vocês. eu juro. imagino que isso deve ter acontecido. mas não era minha intenção. há coisas nas quais a gente não manda. eu tive oportunidade de resistir, tive. mas eu queria ficar. se eu não tivesse tido essa escolha, eu jamais teria voado tão alto, eu jamais teria me arriscado como nunca. jamais teria feito coisas das quais eu precisava fazer. ir tão alto, tão longe... e cair sendo arrastada no asfalto. não me arrependo disso. tive que aprender a fazer as feridas fecharem-se. e o quanto eu cresci, não dá para dizer, não dá para medir. todo esse tempo foi o tempo em que eu dei tudo de mim a todos. e nossa, cada coisa que eu dei não tem medida. eu não voltaria atrás para tê-los de volta, não mesmo. mas agora eu estou disposta a lutar por vocês devolta. eu os amo incondicionalmente. isso não mudou. eu pensei em vocês todos os dias. eu pensei sim. porque era ligado, sabe. e eu não vou desistir agora. não vou deixá-los ficar longe de mim. eu os quero. eu os amo e não vou deixá-los ir. se quiserem fugir disso, é bom estarem preparados. mais que eu para trazê-los de volta. todos a postos?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Wanna

e então agora eu penso no que eu sinto por ti. talvez seja algo relacionado a nada, sabe. ou talvez esse nada seja o que eu desejo sentir por ti. você me deu um pouco de atenção, e o que aconteceu? eu simplesmente parei na sua, me apaixonei. achei que de repente, poderia ser um pouco feliz tendo alguém assim, como você ao meu lado. não sei daonde eu tirei a ideia de sermos parecidos. alou, filha, ele é talvez o seu oposto, isso sim. mentira, uma coisa vocês têm em comum, e sabem exatamente o que é. mas fora isso, o que sobra? sobra toda essa solidão que você deixa em mim. sobram todas as palavras que eu espero que tu me diga, e que acaba por ser apenas um vácuo em mim. e quando eu tomo a decisão de seguir em frente sem você, tu dá um jeito de não deixar isso acontecer, mesmo nem sabendo da minha decisão. e então, eu ajoelho-me devolta aos seus pés. enquanto tu te vira e vai embora. ah, esse seu joguinho barato comigo. eu já não quero mais te ver, ou mesmo cair no teu abraço. eu já não te quero mais. e vou acreditar que isto é verdade. uma hora há de ser, então que seja agora. todos estes sonhos e ilusões estão fazendo-me cair diariamente. são tropeços e caídas. minhas mãos e joelhos estão ralados. e as pernas fraquejando. porque você nunca está ali para me segurar. não posso mais cair por você, e nem imaginar caindo em você. seus braços esqueceram de mim, e perderam-se em outras carnes. outra vez, acabo amando sozinha. e outra vez, pergunto-me: por que diabos isto sempre acontece mas nunca anestesia? cadê os anticorpos nessa hora, para reconhecer que isto já aconteceu e impedir que isto me ataque novamente? já troquei as perguntas. pois pedir o por quê que você não está aqui para amparar minha queda, já não é a resposta que preciso.
com amor um nada tão profundo,
tamy.

quarta-feira, 31 de março de 2010

olá,

olá olhos angelicais de pura malícia. não vou perguntar-lhe como estás hoje. pelo simples fato de que sei que ao meu lado estás bem. com meu abraço, faço-te cápsula. e assim, nada abala-te. nada te derruba, ou mesmo toca em ti. a não ser meus braços a fazer-te meu por estes instantes. pois então, o que nos importa apenas, é ficarmos bem. nada mais nos é preciso. nosso abraço quente, conforto e confiança. naufragamos em diferentes lugares deste gigante oceano. e nos encontramos atirados na areia. ah, o desamor. e quando tu, olhar para o lado e enxergar em mim todas aquelas coisas que te digo, ficará mais fácil compreender-me. agora sinto-me tão vulnerável quanto um soldado em campo de batalha. atirei-me na guerra. posso ser descoberta, mas hei de ser habilidosa. te levo comigo. vem no meu cometa. cometa, sim. é, cometa. pois cometa é desbravante, raro e único. cometa é ambiguidade. por cometer viveremos.

domingo, 28 de março de 2010

pra mim.

o mundo dá tantas voltas que de repente quando você resolve parar, estonteia-se ao perceber a velocidade com que ele gira. são coisas que vão, são coisas que vem. como mágica tanta coisa muda, o que parecia que não ia sair dali, você já não acha mais, e adquire tantas coisas novas. mas dentre tantas indas, vindas, chegadas, partidas, aquisições e perdas, há apenas uma coisa que nunca me deixa: a minha solidão. esta sim, não há um só dia que não esteja presente. no meio de tanta gente, entre tantas companhias, ela está aqui, dentro de mim. ela está ali, pois sabe que eu preciso dela. e quando então enfim termino outra vez sozinha, esta não foge. continua ali, abraça-me e me conforta da maneira como nenhuma outra pessoa que esteve perto de mim foi capaz. a minha Solidão é a única com quem eu posso contar. não é como as pessoas que "estão" ao meu redor. estão entre aspas, pois, adianta estar não estando de coração? adianta estar, e não dar valor? adianta estar e não confiar ou mesmo oferecer confiança? adianta estar e não se importar? ou mesmo... adianta estar e não sentir falta? talvez isto seja o que mais machuca. a indiferença. o tempo passa, os anos corre, e por mais que eu mude e dê o melhor de mim, as pessoas não mudam. simplesmente estaguinam enquanto eu vou para frente. eu quero que elas venham comigo... mas cadê? eu tenho dado o melhor de mim em todas as partes da minha vida. quando eu digo em todas, é todas mesmo. eu tenho sido uma pessoa melhor, e eu realmente, tenho dado tudo de mim. mas dessa vez não é questão de insuficiência. talvez esteja sobrando para os outros. mas para mim ainda não. o verdadeiro problema é que o meu melhor fica ali, atirado ao mundo. ninguém sequer esforça-se para levantar as pálpebras e querer enxergar alguma coisa que venha de mim. então o mundo continua girando, e eu e o meu melhor estamos aí, no meio. apenas ali. ninguém nos enxerga, e também parecem não sentir falta. do meu melhor e de mim. então, eu volto ao meu egocentrismo, ao meu egoísmo, à minha solidão. minha, minha, só minha. essas coisas são extremamente minhas. eu sou extremamente minha, e volto a não me dividir com ninguém. eu não me divido mais com amigos, eu não me divido mais com ninguém. se é que eu ainda tenha amigos, né. eu não vou dar, nem emprestar mais, sequer um pedacinho de mim. vocês não merecem. vocês não dão valor para mim. se pelo menos enxergassem-me! se pelo menos vissem: ah, olha ela aí. ou então: é, ela faz falta; ai que vontade de conversar com ela, como queria ter ela aqui. mas alguém pensa nisso, ou se pensa me diz? não! então como é que eu fico? eu não existo pra ninguém! tenho sorte de me amar demais e saber que eu existo pra mim. então agora, tudo em mim é só meu. meu amor é só meu, minhas palavras são só pra mim. tudo o que eu fizer, não farei mais por ninguém. no meu mundo só existe eu. só eu posso me amar, só eu posso me odiar. e eu só tenho eu para amar, odiar, rir, conversar, sentir falta, abraçar. eu posso ser só minha, e eu não preciso me dividir com ninguém. assim como ninguém se divide comigo. nem um pedacinho. mas não é porque vocês são egoístas. discordo disso. mas claro, essa garota... quem é mesmo? por isso eu digo, não desisto porque quero. mas eu não aguento mais sofrer nos olhos cegos de vocês. e com meus punhos transbordando de egoísmo, agora eu fico só comigo e ninguém mais. não precisam fazer esforço para lembrarem de mim, para pensarem se lembram de algum momento bom comigo, ou se querem passar um dia comigo, ou uma madrugada. não percam tempo tentando se lembrar qual foi a última vez que falaram comigo, daonde eu sou, como eu estava me sentindo naquele dia, ou tentando insignificantemente e sem sucesso, sentir uma pontinha de saudade de mim. se tudo isso não fez diferença até agora, por que começar quando eu desisto? foi tão fácil deixar-me cair no esquecimento, deixar-me de lado. então, tipo... deixa pra lá sabe? eu sinto falta de todas essas coisas, mas não quero que nada mude porque eu as falei. agora eu sou somente eu, somente de mim para mim.
afinal, "perder, sumir, desaparecer, morrer... uma hora, tudo pareceu a mesma coisa." [willian magaieski] e pra mim, essa hora é agora.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

então eu não teria que me sentir sozinha

faltam palavras para expressar o quanto eu gostaria que você estivesse aqui, do meu lado, agora. nem um minuto a mais. eu quero você aqui, agora. eu preciso de ti. tanto que tu não imagina. além do fato de que você não está aqui, há tanta coisa desmoronando lá fora. e desmoronando ao meu redor. não, eu não quero compartilhar essas coisas contigo, tu não as merece. quero apenas estar contigo e esquecer que existe qualquer outra coisa. esquecer do mundo, esquecer da vida. esquecer todas as outras pessoas. quero teu abraço fofo, quero teu corpo quente, tua boca suave. eu preciso de você.
apenas... fique bem. e tente perceber o quanto cada coisa que eu escrevo encaixa-se contigo. e mais, com nós. tentarei ficar bem. não estou sem ti. tu está dentro de mim. está na minha memória, no meu coração. porém queria eu estar no teu abraço. e tudo acabaria bem. mas não é hora de dizer que te amo. ainda.


eu estou caindo toda sobre mim
tentando ser alguém
eu gostaria que você estivesse lá e me levasse em casa
então eu não teria que me sentir sozinha
eu estou caindo toda sobre mim
morrendo para ser alguém
eu gostaria que você estivesse lá e me levasse em casa
eu não quero lutar contra o mundo sozinha
[the pretty reckless - heart]

ps: post feito aqui porque não vou aguentar até as 3h para postar no fotolog.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

e quanto ao amor?

e quanto ao amor? bem, tudo é amor para quem ama. para fazer do amor algo presente nào é preciso esforço. quando é amor, acontece naturalmente. naturalmente isto te invade a cabeça à tonam a qualquer hora do dia. ou da noite. ou em sonhos. o amor se torna o teu refúgio quando nada mais lhe agrada, quando nada parece ir bem. e naturalmente o amor se apresenta. em formas variadas, como aquele sorriso, o sussuro que te arrepia ou aquela careta boba que faz rir. é tão fácil amar num carinho, num abraço que esquenta, em palavras que confortam a tristeza. é tão fácil amar cuidando daquele joelho ralado, ou do dedo cortado, ou mesmo fazendo esquecer a terrível dor de cabeça, apenas utilizando as mãos, num cafuné. é impossível não amar quando as lágrimas escorrem pelo rosto simplesmente por olhar olho no olho e entender a importância de estar ali, simplesmente ali.
porque o amor é aquele beijo na testa, as mãos dadas, e as flores roubadas; aquela canção cantada mesmo desafinada, mas é a da primeira vez que o amor aconteceu; o primeiro porre juntos, e a cara amassada logo que acorda no dia seguinte após ter dormido de conchinha e acordado cada um para um lado (mas o que importa é que adormeceram em conchinha); os bilhetinhos escritos em qualquer pedaço de papel, a maçã de amor no parque de diversões num dia frio, e ainda com beijinho de esquimó; o sorvete no nariz, ou mesmo a pipoca dada na boca, no cinema; são as imensas cartas de amor, o beijo roubado e aquele almoço feito todo atrapalhado e com muita diversão ou mesmo a marca de uma mordida; aquele eu te amo solto no meio de uma conversa qualquer e os olhos baixos e o rosto corado de envergonhamento por algum elogio; a mão acariciando a bochecha e a boca enquando os olhares são fixos um no outro; o filme de terror, que oportuniza chegar mais perto tímida e propozitalmente para ela sentir-se mais segura, as escolhas que são feitas; a roupa/objeto esquecido na casa do outro ou mesmo as escovas de dentes juntas; a opinião sincera, o ciúme, a saudade; os recados no espelho, as mesagens no celular a todo momento; as mãos inquietas ou mesmo acariciando-se juntas; o pensamento constante.
o amor também está nas discussões, nas brigas e teimosias. quando a teimosia e todos os outros trejeitos passam a fazer falta; o amor é aquela porção de lágrimas escorrendo pelo rosto por noites afora em claro, após uma briga. é ter força para fazer o amor resistir. é ver a saudade te invadindo, sem mais nem menos, e sentir que ela só aumenta. é aquele telefonema no meio da noite, quando os dois estão afogados em lágrimas, e não há nada a dizer. amor é o silêncio. é ter coragem e humildade para admitir que errou, e ter sensatez para saber perdoar. e no fim das contas, saber que se olhar para o lado, terá seu melhor amigo, seu companheiro, seu amor. saber que pode seguir em frente com dois sorrisos completos outra vez.
afinal, meio limão não dá nem pra suco. tu chupa e sente teu próprio azedume.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

we use to think it was impossible

o tempo vai passando e querendo com que eu me esqueça de ti. há tantas brechas, tantas outras saídas e eu nem mesmo sei o que eu quero. às vezes nem mesmo lembro-me da tua voz, do teu jeito. mas como a incerteza de que ainda quero esquecer-te, eu lembro, uma vez mais, bem como a última tragada ou a última noite de bebedeira; a última farra, a última traição; o último pedaço de chocolate, a última lágrima chorada. então decido por mais uma vez lembrar-me de como tu é. da forma como tu falavas comigo, da tua voz manhosa, o teu sorriso, o teu olhar. decido por mais uma vez lembrar-me das tuas mãos, do teu toque, e de como tudo se encaixava perfeitamente entre nós. de como a gente era capaz de se entender, no fim das contas. estamos longe de sermos perfeitos, mas sabemos que éramos perfeitos para o outro. e é tudo sabe? a tua pele, a tua voz, o teu jeito de saber tudo o que eu gosto, e de me conhecer.
e lembra de quando éramos melhores amigos? não há nada mais que eu precisasse além de ti como meu melhor amigo e como amante. eu tinha tudo o que eu queria. ninguém me entendia melhor que tu e ninguém era capaz de me sentir melhor, do que tu. as intrigas, os ciúmes, as brincadeiras, bobeiras, e todo o tempo que a gente passava juntos. nada era melhor. juntos a gente enfrentava o mundo contra nós, e estava tudo bem, porque estávamos juntos. tínhamos nossa liberdade, nossos sorrisos. e desde o primeiro beijo, tudo o que acontecia tornava-se inusitado. nós gostávamos disso. nós gostávamos um do outro, muito mais que gostar. e tudo estava bem, tínhamos com quem contar sempre que precisávamos, pois éramos mais do que amantes, mais do que simples amores, éramos amigos. e nunca estávamos sós pois éramos amantes. sabíamos que sempre teríamos um ao outro, nosso amor, nossas carícias, nossas vozes manhosas, nossos sussurros. as palavras escritas, e os cheiros que relembravam o princípio. tínhamos tudo na ponta dos dedos.
mas se eu te visse hoje, tenho quase certeza que nada se encaixaria dessa forma. e ficaria longe disso.

se o vento ainda está forte

Já tinha anoitecido, e estava frio, muito frio, como de costume aqui no sul. Havia chovido poucos minutos antes de eu sair de casa. Por tais motivos as ruas encontravam-se desertas. Somente aquela brisa gelada do minuano seguia em frente e virava as esquinas. Mas apesar de tudo estar deserto, continuava a ser uma sexta-feira à noite, o que contradizia a solidão daquelas ruas tão frias. Mas, aaah! Fazia tanto tempo que eu não sentia-me tão bem quanto naquela noite. E hoje ainda posso dizer o mesmo. Desde aquela noite, não tive mais os mesmos sentimentos. Pequeninos detalhes que parecem tão insignificantes. Estavam desertas as ruas, e nas calçadas, refletiam-se as luzes de postes e lojas sobre as pedras molhadas pela chuva; assim como na calçada, isso repetia-se continuamente no asfalto, pelos semáforos. Refletiam-se constantemente, continuamente. Como se estivessem cumprindo seu trabalho apenas por obrigação, até a hora de descansar. Não passava carro nenhum, nem mesmo gente. Mas estava frio, e isso me satisfazia vorazmente. Ah, e como. Minha respiração findava-se em "fumacinha", o que é algo muito gostoso, pois indica que está frio mesmo, principalmente comparado ao calor interno do corpo. Iggy Pop no volume máximo pelos fones, o frio cortante e o cheiro de brilho labial misturado com o hálito de um bom café preto que eu havia tomado antes de sair de casa. As esquinas brilhavam e faziam essa cidade parecer algo melhor. Eram as luzes, o frio, o chão molhado e eu. Era a melhor solidão, a melhor noite. Bastava respirar profundamente que era possível sentir a maior paz, misturada com a maior sensação de liberdade e adrenalina. Era a felicidade plena. E eu sabia que estava bem. E para onde estava indo. E tudo era tão bom. Era todo mundo junto; eram os melhores amigos a se encontrar; era pura fidelidade, risos, carinhos, decisões; era confiança. E aquela noite toda, foi tão intensa. Que nunca deixarei nada para trás. Eu sabia muito bem o que aquele vento significava.

domingo, 4 de outubro de 2009

muitas coisas

eu voltaria no tempo. pra te conhecer denovo. fazer tudo outra vez. de outro jeito. talvez. talvez não. mas que eu pudesse reviver tudo outra vez. até porque se eu soubesse. ah, se eu soubesse... se eu soubesse que aquela seria a última vez em que eu veria teu rosto, e tu veria minhas lágrimas correndo pelo rosto enquanto me despedia. se eu soubesse que... eu iria te amar com todas as minhas forças. com as minhas raízes e com tudo dentro de mim. e ainda hoje, eu ponho não só a mão, mas meu todo no fogo por nós. eu faria qualquer coisa por nós. todo esse tempo eu me colocaria no fogo e arriscaria tudo. por mim, por ti, por nós. eu te amo. e meu amor é egoísta. eu quero te ver feliz. quero sim. pra mim ser feliz. porque somos um só. tu tá em mim, mesmo que talvez não queira. mas eu sei que tu te importa. e tu tá. mas meu amor é tão grande e hipócrita, como sempre foi. é um amor egoísta, muito egoísta. eu quero que tu seja feliz. mas eu quero que tu seja feliz comigo. e só assim serei feliz. não sonho contigo toda noite. sonho com nós toda noite. e desejo somente acordar e te ver ao meu lado, me dando a certeza de que não é um sonho. no fim das contas, a hora de acordar chega. e há metade da cama vazia. a solidão. e mais um dia mizerável pela frente. dizer que tua voz não me arrepia? mentira. e eu tinha ela todo dia. toda noite. quando queria. ah, hoje o efeito colateral da tua voz gera além de saudade, lágrimas. o mais profundo choro seguido por sonhos mais intensos à noite. depois do banho, ainda é a mesma coisa. aumenta a intensidade do que sinto. vem a incerteza de te ter. nem mesmo meus próprios dedos me privam de ti. aquele cheiro. nosso creme. minhas mãos me trazem você no meu corpo. minhas mãos. teus arrepios. eu necessito de ti. eu te necessito como nunca. eu te amo como nunca amei ninguém. e ah. essa vida há de seguir pra esse amor passar. esses anos hão de passar para amar tanto outra vez. e falo sério quando digo. que pelo teu amor, faria de tudo. faria as coisas mais absurdas. se eu soubesse que acordaria ao teu lado, no fim do dia pudesse te ver. e tivesse nossas polaroids por todos os cantos. eu te amo absurdamente. e tenho certeza que eu não estava errada quando usava o termo "incondicionalmente". depois de tudo que passou, ou do que ainda vai acontecer. ou mesmo do nada que virá. eu te amo. eu te amo. tu me fez feliz como ninguém mais. tu me entendia como ninguém era capaz. tu me amou como ninguém já me amou. tu me fez feliz. tu me fez feliz. tu me faz feliz. e não me privo de desabar-me em lágrimas enquanto escrevo isto. não me canso de te procurar em outras pessoas. te procuro em cada olhar. em cada sorriso. te procuro por todas as pessoas. mas como você não há. meu coração sente o que tu sente, pode ter certeza. meus palpites todos eram certeza. hoje não é diferente. eu sei o que está acontecendo. te cuida amor. e podes fazer o que quiser. pode. independentemente de qualquer coisa, eu sempre estarei aqui pra ti. eu te amo incondicionalmente. tu sabe. meu ponto fraco. podes fazer tudo. no fim, estarei aqui. pra ti. por ti. vou te amar. passe o tempo que passar. vou te amar. todos os dias. todo dia um pouco mais. vou te amar. todas as vezes que eu puder. em cada chance. em cada escolha. e o fim. talvez nunca chegue para nós. mas por ti, eu faria tudo outra vez. passaria tudo outra vez. te escolheria todas as vezes. enfrentaria o mundo por ti. por ti, faço tudo. você é a melhor parte de mim. você é o meu todo. de todos os abraços, é só o teu que me conforta, é só o teu que eu quero. de todos os olhares, o teu é o mais bonito. de todas as bocas, é só a tua que me satisfaz. de todos os sorrisos, é só o teu que me trás paz. de todos os amores, é só o teu que eu preciso. eu aceito qualquer condição, eu faço qualquer coisa.

PS: Eu te amo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sudor de la Carne [Parte I]

E eu estava pronta. A imagem que refletia no espelho me mostrava a mulher mais linda da noite, do mundo inteiro à minha frente. Eu mesma. Eu estava sublime. Faltava-me apenas calçar as botas. O cabelo estava comportado, com a cor no tom certo, no lugar certo. O rosto era de uma boneca de porcelana. Branco com textura de pêssego. Os olhos azuis afundados por negros contornos e os lábios pintados pelo mais puro e vibrante vermelho. A blusa com base em corpete ajustava meu corpo, maleando cada contorno. O quadril, a cintura, o busto. Sutilmente acomodados sob aquele justo corpete. Seguia-se com o short colado sobre a meia-arrastão que valoriza cada curva das minhas pernas. Por fim, calçei as botas. Salto agulha, cano até o fim da panturrilha, quase nos joelhos, e saí de casa.
Agora são cinco da manhã, e me encontro em uma cozinha desconhecida, preparando um chá de qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Já que ler é um tanto improvável na minha situação. Tou num porre de misturas e exageros, que só lembro-me do início da festa, onde estava acompanhada de uma bela garota e um lindo homem. Conforme tomo o chá, parece que o mundo vai estagnando-se novamente. Além da chaleira ainda fervendo, pois esqueci-me de desligá-la, ouço barulho de água.
Bom, estou na casa do cara que estava comigo, pois é ele quem está no chuveiro tomando banho. O que me reflete no espelho, já não é a imagem inicial, da garota mais sublime, ou da mais bonita desse mundo, desta noite ou deste amanhecer. Há batom vermelho já não tão vibrante como antes, transposto além da minha boca, os contornos de meus olhos escorreram um bocado, e meu perfume já não é o original. Há pelo menos umas quatro misturas a mais.
Ele convida-me para tomar banho com ele. Não vejo alternativa melhor para o momento. Já que sozinha eu poderia me matar com um chuveiro mesmo. Ele era realmente um cara bacana. Não sei mais cedo, mas agora eu não estava afim de nada, a não ser atirar-me naquela cama e dormir. Ele emprestou-me uma camiseta sua, e fomos dormir. Pouco antes de pegar no sono, pus-me a pensar quem era aquele homem, o que eu estava fazendo com ele, o que eu fiz com ele mais cedo. No fim das contas, não cheguei ao final. Capotei.
Mais tarde na mesma manhã, acordo-me com ele observando-me enquanto dormia. Eu tinha a cara mais pesada que alguém poderia ter numa manhã da mais brava ressaca. E ele... ah, ele parecia um anjo, com seus olhos fixos em mim. A minha mente já estava me assustando. Não sabia se falava alguma coisa, ou apenas pensava no que ele estava pensando, por que me olhava daquele jeito...

[...]

ϟ Maçã diz (21:18): fiz um poema pra ti ontem

'Em pleno domingo,
lá vou eu fazer mais um poema pa você.
E ele começa com uma simples palavra amor:
Te amar desse jeito,
Me tras paz.
Ti ver todos os dias possiveis,
já me consola desta distancia que temos.
Ouvir sua voz naquele dia,
é como estivesse saboreando mel
de tão doce que és.
Poder olhar esse solhos tão perfeitos como cores,
Ver essa boca e imaginar beijando todos os dias,
seja de noite ou de dia.
Sentir teu cheiro, ain que vontade,
Isso vai de amor a desejo,
Isso vai de amizade ao amor,
Isso vai de dias para decadas,
Só ao seu lado, só.
Passar as madrugas com você,
é poder te sentir aqui e
não conseguir dormir direito
só pensando em você,
Oha nos meus olhos,
e me dá um beijo,
vem pra ser minha, *-*
Meus labios precisam dos teus beijos,
só de olhar você, meus olhos brilham,
meu coração bate mais forte,
uma vontade de estar ali ai do seu lado,
te protegendo de tudo e todos,
porque e você com quem eu quero viver.
eu te amo muito muito minha namorada <3'

Agosto Trece

Talvez tu tenhas chegado na hora certa. Talvez eu esteja mesmo precisando de um novo amor. Um novo amor para amar, um novo amor para ser amada.

Since 86

Bom, essa vai pra ti, que eu sei que sempre lê tudo o que eu escrevo.
Escrevo pra te contar que aquela garota já te quis. Embora ela não tivesse tanta certeza até seus sonhos lhe contarem. Você sabe que aquela garota já tentou. Mas hoje é tarde demais. Se hoje ela te veta, é por alguma razão. Mas eu vou te dizer, ela não é pra você. Vocês não se merecem. Ela te conhece mais do que imaginas. Não és tão oculto quanto tentas parecer... Outra coisa que devo contar-te: ela mentiu pra ti. Sim, ela mentiu. Tu deve ter acreditado, mas ela te mentiu. Uma única vez. Te mentiu, porque certas coisas, caras machistas não se importam em entender.
Ela é mulher.
E quanto aos outros, ou outras, isso não devia te preocupar, pelas coisas que você diz, porém que não batem com o que você dá a entender. Você não é um bom mentiroso. A propósito, não dê muitos chutes e palpites quando não souber de muita coisa (ou nada, no caso).

domingo, 16 de agosto de 2009

Vinte e Seis

Tem certas coisas que eu não gostaria de estar escrevendo, mas eu preciso tirar da cabeça. Eu realmente não gostaria de estar escrevendo essas coisas. Mas é difícil compreender o que tu quer. Na época tu deu a entender que não se importava, que não gostava mais. Embora eu soubesse naquela época que as coisas não eram assim. Eu não te escrevi até um tempo, mas eu não deixei de pensar em ti. Evitava, mas o invevitável não se evita. Pensei em ti mais do que nunca. Senti tua falta mais do que nunca. E pensei em correr pro teu abraço mais do que nunca. Pensei em te ligar, pensei em implorar o teu amor, talvez. Mas decidi que dali a diante, seria mulher. E há certas coisas que mulheres não fazem. Não sei se é coisa de amor reprimido, mas tenho certeza que é coisa de amor não dado.Ah.
E eu sei tudo sobre você. Sei teus desejos, tuas vontades, teus sonhos da vida, teus sonhos noturnos, sei teu segredos mais profundos, e sei que esses, só eu sei. Eu sei que há coisas em você que as afastariam logo. E eu sei que eu sei dessas coisas, e te admiro com elas. Eu sei que eu amo você com cada defeito que há em ti. Com cada história, com cada segredo, com cada erro, com cada defeito. Eu sei quase tudo sobre você. Sei o teu futuro, sei teus gostos, teus desgostos, teus erros e acertos, tuas discussões e irritações. Sei o que te anima, sei o que te dá prazer. Conheço de ti da raiz do teu cabelo, à ponta do dedão do teu pé, amor. Tudo o que sei é muito maior do que eu deveria saber, mas que hoje já não sei mais. Sobre seu amor.
E se tu ler isto, sei que saberá que é pra ti.
PS: Eu te amo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Fora de brincadeira.

Bom, dessa vez voltei mesmo. Tou disposta a manter esse blog, novamente. Sempre há muito o que dizer, e gosto dessa forma.
Por enquanto tou ajeitando algumas coisas por aqui ainda, talvez algumas mudem. Mas enfim.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Come back

Ah, acho que estou de volta. Este provavelmente será muito aleatório. Caramba! Como a vida dá voltas! Nesse tempo que passei sem postar, muitíssima coisa mudou. E entre promessas, de que eu iria voltar, finalmente voltei (grande diferença que faz também né? como se alguém lesse isto).
Mas bem, de qualquer forma, são quase 3 da madrugada de uma segunda feira, e cá estou. Sem sono - bem, talvez com sono sim -, mas impedida de dormir. A cabeça é realmente algo que controla você sem limites. Ela usa e abusa de você. E no fim, se tu não toma cuidado, tu já é escravo de si mesmo. '-'
Bem, preciso me concentrar e encontrar algo em que pensar e fazer um post decente. É bom estar de volta. Digo, com vontade de voltar a pensar novamente. Eu era menos ignorante na época em que ainda parava para pensar e escrever alguma coisa. Acho que vou dar uma passeada por alguns blogs enquanto penso em alguma coisa. Bom dia.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Rascunho-

E agora, eu só queria dizer o quanto me preocupo, o quanto me importo, de verdade, com cada fato. E ao mesmo tempo, enlouquecer, porque acho que mereço. Não sei, talvez a insanidade seja a minha melhor opção, digo, ao menos o que eu quero, é o que me importa.
Cada dia parece mais cansativo acordar, prefiro dormir mais. E cada sonho é cada vez mais pesado, cada sonho, perturba-me mais.
Eu preciso da raiva, eu preciso da insanidade. Me libertar do desejo. Apenas insanidade. Por direito, tomo-a minha. E não quero permitir que ninguém a tire. Bem que poderia ser normal, mas não seria tão insano. A graça é ser "anormal" e insano.
Preciso concretizar isto. É apenas um rascunho. Salvar agora.
Hum, quatro e cinqüenta (dois mil e nove, cinqüenta ainda possui trema?) e oito. Bom dia.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Manual

Haha, até parece. Como usar, posologia, contra-indicações. Não, não é. Mas, devido aos questionamentos que tenho recebido, acho que devo falar.
Grande parte das histórias aqui contidas, são sim reais, obviamente, representadas em outros papeis, ou por outro ponto de vista.
Outras, apenas ócio do cérebro em funcionamento.
Deixo a critério de quem lê.
"[OFF]": então, quando [OFF] aparece, é quando não tenho nada melhor a escrever, a pensar, e a fazer, e resolvo fazer deste blog, um diário.
Afinal, não sou apenas mais um(a) personagem de alguma história.

http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?rl=mp&uid=15948760800570035407

Revi-vendo. [Parte I]

Hoje resolvi tomar ar fresco no jardim. mas como não tenho jardim, contentei-me com um cantinho na parede da sacada. Sentei lá, avistando um crepúsculo de infinita beleza, e, apesar deste, apenas sentia falta da vista do outro apartamento em que morava. Era menos, mais baixo, com um monte de casas à frente, mas mesmo assim era muito aconchegante. A sacada era semelhante à uma caixinha de fósforos, mas ainda tenho na memória os pores-do-sol, que enxergava-se um pouco mais adiante da rua onde situava0me. Um pouco, apenas um pouco. O sol partia nos fios dos postes de luz da rua, seus raios dividiam-se, batendo no rosto. Após isso, ele ia deixando seu posto, escondendo-se atrás de casas e casas. Para quem sabe apreciar, uma cena espetacular. Lembro-me também das noites em quantias em que deitava-me no chão da sacada, em noites quentes ou pavorosamente (para quem não gosta, eu considero-me uma excessão) frias. Deitava-me lá, e curtia a vista que me era privilegiada. Não era uma vista esplendorosa, não quero iludir. Não dava para ver o céu em seu integral, mas volto a dizer, era muito aconchegante. Me acolheu muitas e muitas noites, amanheceres e entardeceres. Em dias frios, daqueles que embaçam os vidros, e fazem o queixo tremer, meu passatempo noturno era a solidão, entorpecida com cafeína.
Preparava o café, na temperatura e sabor adequados ao meu paladar, pegava meu velho cobertor de lã - que devo o ter desde muito criança, assim como minha mãe e minha avó -, que nunca me deixou na mão e sentava-me encostado na parede. Até hoje, não sei o que no céu faz-me sentir tão bem, tão nostálgico. Simplesmente, observar cada estrela, ou mesmo o movimento da lua, atrai-me tanto quanto pólos norte e sul, tratados fisicamente.
Me prendia lá não somente a noite inteira, mas perseguia as estrelas e a lua até o dia clarear, e todo aquele belo espetáculo esmaecer à uma coloração roxa-azulada de um novo dia. Enchia a chaleira com água e a colocava aquecer novamente. Enquanto esta aquecia a água, eu passava uma água na xícara do café e a deixava sobre o escorredor de água; pegava a cuia, a erva - tão verde quando uma grama bem cuidada - e o vira-mate, preparava o chimarrão e voltava para a sacada, com tempo para ver o sol nascer.
Dormir era o que menos me importava. Havia ainda as noites em que eu incluia o cigarro na minha "programação". Posso dizer que tornavam-se noites ardorosas e intensas. A quantidade de café que eu consumia dobrava, e a viagem em pensamentos era mais longa, rápida e intensa também. Não tenho dependência no cigarro, como uns dizem, é para "diversão". Esse tipo de intensidade sempre me atraiu.
Dentre muitas coisas que raramente costumo pensar, raramente mesmo, destaca-se relacionamentos, no que hoje pensei. Pensei por que dentro das memórias de uma sacada passada, há muito mais além de madrugadas fumadas e cafeínadas. Há lembranças também do que é feito, lembranças do que nunca ainda fora feito. E fora lembranças, há ainda pensamentos. Pensamentos de primeira, ou mesmo de quinta. Tolos ou bizarros, inteligentes ou mesmo inúteis. E quando eu falo relacionamentos, não generalizo isto como sexo, ou apenas relacionamentos amorosos, nem por pessoas que eu fico, ou seja lá o que for. Eu generalizo relacionamento como todos que fazem parte de alguma forma de um convívio comigo.
No que se refere a sentimentalismo, nesses últimos dois anos eu fui capaz de aprender o que significa, fazer bom uso, e descartar. Não sou mais capaz de ser muito sensato. Pelo fim do ano passado, pude passar por uma das experiências que mais me amadureceu nesses últimos anos.
[...]

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Imitation of Life [Final]

...Voltei à última fila à direita e sentei. Sentei sobre seu colo. Tomei um pouco da Coca-Cola e ofereci a ele, que tomou um pouco também e a jogou na poltrona do lado. Na tela do cinema tiros e negociações financeiras. No meu pescoço, lábios, língua e dentes. Novamente, na tela do cinema, mais tiros. Em mim, aquele arrepio gostoso. Viro-me de costas para aquela enorme tela e desconto esse arrepio.
Mesmo em seu colo, novamente o silêncio. Nós dois imóveis. Procuro suas mãos e seguro-as. Coisas agora, são sussurradas no meu ouvido, e obviamente, correspondidas ao seu ouvido. Mais alguns minutos de silêncio, e suas mãos que seguram as minhas, saem de minhas pernas, encostando na minha barriga, e subindo aos seios. Depois, de volta às pernas, e por entre elas. E assim, consecutivamente, com toques e carícias, prosseguia. Adicionando chupões, adicionando mordidas.
Percebo que próximo à nós, algumas senhoras de meia idade nos observam, com desaprovação, mas solto minhas mãos das dele, deixando-as sozinhas vagarem por mim. Por entre minhas pernas é possível tocar suas pernas, e por minhas costas é possível ir mais a fundo. Estávamos ali, no cantinho mais isolado do cinema, podíamos fazer o que quiséssemos. Podíamos também usar os banheiros. Tava muito fácil. Mas escolhemos uma coisa. Escolhemos apenas nos provocarmos, nos excitarmos. Mãos vão, mãos vêm, mordidas aqui, chupões ali. Libido prendida, desejo em gemidos. Tensidade e tesão.
O filme terminou e estávamos ali. Eu em seu colo, suas mãos sob as minhas, entre afagos, mordidas e beijos. Não era nada discreto, não era formal. Era selvagem. As luzes foram acesas. Levantamos e esperamos as garotas lá fora, em uma mesa na praça de alimentação. Estávamos ouvindo qualquer coisa em alguma estação de rádio, no mp4. As gurias lá chegaram. Apenas uma delas estava ficando com um garoto. Os outros já foram para a fila de um fast-food. Esta, que por sua vez, brincava de negar um beijo, enquanto o garoto torcia os olhos.
Demos tchau para as garotas e ele caminhou comigo até aqui em casa. Subimos, tomamos um café.
As garotas não atendi mais. Como já mencionbei, nada mais tenho feito. Nada ruim aconteceu. Apenas é assim a minha vida. Ajo de acordo as minhas vontades, a cada instante.
A rotina continuou após o cinema. Continuei a deparar-me com aquele homem pelas ruas, quase diariamente. Já nos olhávamos de maneira diferente. Quando nos avistávamos, baixávamos a cabeça, quando nos aproximávamos, mordíamos o lábio inferior, puxando um sorrisinho, e então, finalmente, nos olhávamos.
Duas semanas depois do episódio ocorrido, em um desses encontros casuais, um papel entre seus dedos, que estendem-se a mim, é me entregue. Uma folha de caderno, arrancada, com os picotes não retirados. Uma folha escrita.
E, este homem, este homem que...
Bem, dele não sei o nome.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Desabafo terceirizado.

Eu queria que tu pudesse sentir suas palavras em mim. Suas mordazes humilhações. Ainda acredito que de alguma forma elas possam doer em você, embora a certeza seja rasa demais perante a profundidade de algo tão ruim que sua presença me causa. Odeio tudo o que tu faz-me sentir, e também cada coisa que tu me falas. Odeio cada lágrima derramada, cada noite não dormida. Cada tanto de amor que eu sinto por você. Eu odeio te odiar tanto. Tanto como amo e odeio te amar tanto também. Odeio cada humilhação, cada desgosto que tu me causa. E também, cada comprimido que consumo a cada noite antes de dormir. Aqui do alto, a última coisa que eu queria ver era essa caixinha, tarjada com uma faixa escura, tão como seus olhos, e como você deve ser por dentro. Se não isso, ao menos tão obscura tal como você se sente, trata as pessoas e faz as sentirem de tal forma também.
Eu esperaria aqui, para sempre, um sorriso, um carinho eterno. Mas não posso esperar para receber coisas momentâneas, não estou aqui para receber estas coisas. Sendo que é somente isto que tu queres oferecer. Por teimosia e controle. Por obsessão e insanidade.
Não quero mais discutir essa noite, mesmo que da boca para fora, nada tenho dito. Apenas ouvidos adentro escutado. Se opiniões não te interessam, e em tua concepção não posso tê-las, se delas tu não precisa e não queres ouvir-me, não precisa. Afinal, qualquer vontade de falar a ti já é muito breve mesmo.
Então meu bem. Pessoas não mudam, e tu me esclarece com firmeza isso a cada dia. Perco as esperanças em qualquer pessoa, mas tenho a minha vida para viver. Se apenas vendo que minha liberdade, esta, tu não levou, alguma abóbora pode ajeitar-se em minha carroça, assim haverá de ser.
Vá, então. Junte seus meros objetos espalhados pela casa, seu velho jeans do armário, e, a propósito, limpe a gaveta que te pertencia. Cada palavra e sentimentos infames, a nada nos levarão, mais uma vez.
Porém dessa, não sei se o outro lado da cama, e a melhor parte de mim te esperarão outra vez. Mas com certeza, tudo isso não mais sofrerão, e você à sua maneira não receberão.
Ao sair, feche a porta, deixe as chaves em cima do balcão. Tranque o portão. Cuide-se na estrada. E saiba que eu te amo.
Mas não volte. Apenas não volte, não ligue, não procure-me. Talvez o tempo mostrará o que é preciso, e o que é capaz de mudar e acontecer. Ou mesmo de deixar tudo da forma como está hoje. Não faça nada, até cuidar de ti mesmo primeiro.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Imitation of Life [Parte II]

...De tanto que as garotas provocavam, os caras vieram até nós. Todos tinham um charme, e pareciam muito cultos. E ao mesmo tempo, despojados. Pobres garotas. Debocharam desses homens. Sim, pobres garotas. Garotas.
Depois, óbvio, foram ridicularizadas por eles, finitamente mais espertos que elas. Enquanto isso, apenas assistia, assistia à cena, ali, sentada, encostada no tronco da árvore.
Ao que senti uma mão tocar a minha, algo mexer-se ao meu lado. Confesso que por vez, tomei um bom susto, embora tenha conseguido não demonstrar. Sinto um perfume que já reconheço, e quando viro minha cabeça para ao lado, já posso ver aquele cachecol xadrez que adoro ver; cabelos pretos bagunçados, e um ser meio despojado e ao mesmo tempo muito jeitoso ao meu lado. Com seus olhos castanhos, os costumeiros castanhos que por vezes conseguem encontrar-me, meio à uma rotina costumeira, milhares de pessoas e uma cidade enorme. E, acima de tudo, que me força a olhá-lhos, olhá-los com firmeza, despindo-me total e completamente a partir destes olhos.
Então, nada precisou ser dito, nada precisou ser esclarecido. Eu sabia que estava ali, com quem queria, em uma cena casual. Eu não precisava. Mas eu queria. Então, apenas agarro-me àquelas mãos que por via tocaram-me, e mais uma vez, sou capaz de me despir naqueles olhos. E só. Apenas fico despida diante deles, olhando fixamente. Não é preciso tirar a roupa para despir-se com aqueles olhos. Eles fazem por si mesmos. Então, seus lábios, frios pela temperatura ambiente, tocam-se ao meu rosto. Mas enquanto seus lábios podem ser tão frios, o delírio tá presente nos olhos, e no suor em sua testa. Sentado sobre as próprias pernas, beija meu rosto, enquanto, com trêmulas mãos, as coloca entre meus cabelos, acariciando-os, mas seus dedões permanecem em minha testa, quase nas sobrancelhas, enquanto seus olhos aparentam estar apreciando um belo pôr-do-sol, mas fixados e mim. Agarro-me à sua barriga, e um abraço trêmulo acalentou parte do desejo. Depois do abraço, suas mãos voltam à minha cabeça, e seu beijo vem à minha boca.
Quando olhamos ao redor de nós, apenas as minhas amigas, perplexas com a cena. Com caras como se estivessem falando: “Ei garota, qual é o seu problema? Se liga, ele não é dos nossos, não é um gurizinho”. Enquanto seus amigos, de longe, apenas olhavam, enquanto conversavam, com naturalidade, passando o chimarrão.
Agi como se tudo estivesse realmente normal, afinal, para mim estava. Eu estava bem, e na real, com alguém que eu queria. E ali, não existia nada estranho, nada anormal ou mesmo diferente. Não, eu não levo um cara com mais ou menos o dobro da minha idade como se fosse um gurizinho. Apenas pra mim, o normal é esse. O que eu sinto não é pra alguém da minha idade, o desejo não é pra gente da minha idade. O entendimento disso, também não, a menos que tu realmente compreendas.
E foi um beijo. Por parte, apenas um beijo a mais. à nossa frente, minhas amigas, olhando a cena. Inusitadas, é claro. Afinal, eu era uma das suas, beijando alguém que não fazia parte dos populares dos terceirões, ou mesmo daqueles que estavam começando a curtir seus 18 anos com adrenalina, e merda na cabeça, enquanto esforça-se para tirar carteira de motorista, dirigindo o carro do pai. Não, era um sujeito totalmente fora desse padrão tão besta. Era um ser normal, um ser comum, fora de qualquer padrão. Dentro da minha atração.
Diante daquelas carinhas de tacho na minha frente, apenas agimos como se nada houvesse ocorrido. Uma das garotas olhou a hora, dizendo: "Gente, tem sessão de tal filme agora, quem topa ir pro shopping?". Sem exitações, todo mundo concordou. Levantamo-nos do chão, passei a mão sobre minhas calças, garantindo-me que nenhuma folha ou grama ficaria sobre ela, e sugeri a ele para que fizesse o mesm, já que em sua bunda havia ficado algumas folhas secas.
Pegamos um ônibus para irmos até o shopping, cortando a cidade sentido leste-oeste. Comigo, sentou aquele, que com seus olhos, continuava encarando-me, da mesma maneira como de costume, em vagos e breves encontros entre uma rua ou outra. Mais a nossa frente, as garotas, em um bolinho, pra variar um pouco, fofocando. Liguei meu mp4 e continuei a ouvir o velho Bowie. Num movimento rápido, ele pega um dos fones, e conversamos sobre a vida dele (Bowie). Apenas isso, até o filme começar.
Na verdade ainda não consegui entender a razão de eu ter ido para o cinema, com as garotas, ver um filme que até hoje não sei qual foi, e, ainda mais, por que estava ali do meu lado aquele cara. Mas parei de pensar. Não gosto de entender a razão de algumas coisas.
Como fui a primeira a entrar na sala, por estar na frente das gurias, pom pouca vontade de andar muito e também pouco interesse em estar ali, fiquei logo na última fila à direita. Minhas amigas desceram mais, em direção aonde viam-se vultos de jovens garotos, quase na primeira fila.
Passamos um tempo sem sequer uma palavra. Apenas nos olhávamos. Nos olhávamos de diferente maneiras. Com mistérios, friezas, fraquezas, desejo, delírio... ou, apenas olhávamos, sem nada a dizer, não querendo dizer nada. Eu estava cansada, e não deixando parte da minha chinelagem de lado, estiquei minhas pernas sobre as suas. O que fez com que me envolvesse em seus braços, num abraço. Meio esquisito.
Impulsividade. Única palavra que define isto. Levantei-me da poltrona onde estava sentada, peguei o dinheiro no bolso da minha calça e comprei uma Coca-Cola. Voltei à última fila à direita e sentei.

(...)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Imitation of Life [Parte I]


E mais uma vez, cá estou. Sentindo aquele velho prazer em sentir-me só. Tem feito muito calor. E eu? Nada tenho feito. Nada além de passar cada dia na cama. Rolando do lado de lá, para o lado de cá, a cada ponto em que a cama esfria de um lado. O ar condicionado tá ligado há uns quatro dias direto. Sinto que emagreci, sendo que nesses quatro dias não comi nada além de uma maçã por dia, e me sustento àqueles sucos em pó, de pacotinhos, que são mais gostosos não diluídos na água. Mas, pelo calor, obrigo-me a diluí-los.

Hoje o dia está mais ameno, e quanto mais fico nessa cama, mais sinto que é aqui que quero ficar pro resto da vida, pela quantidade de sono que eu tenho. Doença? Talvez, mas se for pra morrer de sono, tô tranqüila.

As persianas estão com algumas frestas abertas, assim provoca-me mais sono. Na minha última cochilada, sonhei que estava indo no cinema com alguns amigos. Quando o filme estava começando, acordei. E quando acordei, lembrei-me da última vez que fui ao cinema.

Fazem mais ou menos uns dois meses. Eu e algumas outras gurias passamos a tarde no parque, tomando um bom chimarrão e jogando conversa fora. Ainda era frio, como de costume no inverno aqui do sul. Mas apesar do frio, e da geada na grama bem verdinha, e o relento ainda nas réstias folhas das árvores, nós íamos para lá assim mesmo.

Apesar do frio, o sol às vezes é intenso, e no inverno não dá para bobear. Na sombra de uma árvore próxima à nossa, havia alguns caras. Todos com pelo menos uns dez anos a mais que nós. Fixaram-nos os olhos desde que lá chegamos. Minhas amigas, com muita maturidade dentro de corpinhos bonitos, começaram a provocar e zoar aqueles caras, afinal, não queriam nada mesmo.

Recostei-me no tronco da árvore, abraçando os joelhos com os braços, ouvindo aquele bom e velho folk blues no mp4. Fiquei na minha, afinal, caras mais velhos me interessam muito.

Fingi não estar nem aí, afinal, sei que não posso confidenciar isso às gurias com quem ando. Não são tão ingênuas assim, não, mas são imaturas. Enfim. Havia lá, na rodinha daqueles caras, um que me interessou muito. Encontro-me com ele algumas vezes pela cidade, e garanto, seu olhar é fulminante.

Eu apenas balançava a cabeça de acordo com a música, e fazia os movimentos vocais com a boca, olhando atentamente tudo o que acontecia ao meu redor, e ao mesmo tempo, eu era capaz de nem estar ali, pra variar um pouco. Pelo menos não com os pensamentos.

De tanto que as garotas provocavam, os caras vieram até nós.


(...)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Not alone. (and could die)

Mais um dia chega ao fim. Não sei se de fato pra mim também. Enfim. A vida é gozada. Uma hora você tem tudo, e dali a dois minutos tudo pode chegar ao fim. Simples como a areia nas mãos de uma criança, ou mesmo uma bala em um vidro.
Mas pra mim resta só o desapego e o desapontamento. E não é somente pelo fato de tudo poder acabar em um segundo. É pelo fato de que eu sei que eu não vivo de acordo com o que eu quero. O que me assusta é a vida não vivida. A falta de vida que eu tenho. Cada segundo que passa, e que não me satisfaz.
Me encontro em um momento raro. O momento do abalo, o abalo que trás o sentimento. Não gosto de muito sentimentalismo, tal como o sensasionalismo, mas não suporto parar e analisar minha própria vida, e ver que nada está de acordo. Não sou também de despertar o amor, mas eu enxergo que cada parte do que disto eu chamo, está longe. E não sabe-se se haverá tempo para alcançá-lo. Seria mais fácil simplesmente decidir e pronto. Escolher e poder.
Nesse momento, um calor infernal, tudo o que eu desejaria, era frio, aquele frio que só quem é do sul sabe do que eu falo - daqueles que racha o couro do gaudério, vaporiza a cada expirada que tu dá -, uma xícara de café preto, fervendo, e por um instante, só um instante na minha vida, eu não desejo estar só. Só por este instante eu queria ter a companhia. E mais nada. Não precisa de cenário.
Depois disso, eu trocaria qualquer outro proveito, qualquer eternidade, ou mesmo, qualquer oportunidade de saber o quão real o momento foi, eu poderia morrer. E só, por essa noite. Eu não tenho mais nenhum desejo.
Posts melhores virão, quando o emocional for destruído. Enquanto isso, tenham uma boa semana. Sem mais, por agora.
A propósito, me desculpem que eu nem tenho comentado nos blogs de vocês. Mal tenho postado aqui, mas prometo que voltarei a ativa. Agirei como gente.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Post manipulado. (?)

[Off] Então, tanto tempo. Tanto tempo sem postar, tanto tempo livre. Tanto tempo e nada pra fazer. Enfim. Não é pra isso que quero usar esse blog.
E além de tanto tempo, tanta coisa. Tanta coisa na cabeça. Tanta coisa pra colocar em papéis, ou mesmo por aqui. Tanta coisa pra desentulhar da gaveta, enfim.
Tem muita coisa também sobre o que falar, mas agora quero começar por uma das que mais me indignam: a manipulação.
Esses dias estava girando os canais na televisão, quando uma vinheta da MTV me chamou a atenção. Não me recordo direito com detalhes dela, afinal fazem alguns dias que não ligo a tv. Mas quem tem ligado a televisão nesses últimos dias provavelmente vai saber de qual estou falando. Mostra diretamente a manipulação que a emissora (tá, na verdade não quero generalizar, com palavra como emissora, afinal, não é mesmo pra manipular que a televisão está aí? Mas uso emissora, pois foi na mesma que vi a vinheta) quer causar, com todo impacto. É aquela vinheta em que uma velhinha e um velhinho estão sentados numa mesa, cada um de um lado, e vem uma coisa branca e tipo engole a cabeça do velhinho, e vai influenciando ele a dançar no ritmo e tal, e leva ele pra um lugar onde todos tão dançando também. Procurei no YouTube, mas não achei. Postaria um vídeo com a mesma. No final, mostra o logo da MTV, com vários desses "tentáculos", em vários lugares da cidade e tal.
Tudo bem, quer influenciar. Mas já acho o extremo querer mostrar um lado "cool" para isso. Já não basta toda a influência que exerce sobre nós?
Não tou criticando a MTV, apenas usando-a como um exemplo para o que eu quero dizer. Então, por favor, quem é ligado em MTV não venha me encher de lixo.
(Lixo tá ficando esse post, beleza.)
Esses dias parei também para ver um pedaço do MTV na rua, ao que o assunto era o sucesso que e-books pretendem fazer. Então, quem tá no computador, é porque provavelmente não está afim de pegar um bom livro e ler. Na minha opinião, livro, livro mesmo é aquele feito de papel, capa dura ou mole, folhas brancas ou amarelas, grande ou pequeno, tanto faz. Mas é aquele objeto pessoal íntimo, que você pode pegar, pode senti-lo sempre que quiser. Mas, pra não fugir do assunto, no que a Penélope perguntava quem lê, quem leu algum livro nos últimos tempos, poucos se manifestavam, ou mesmo alguém que gostava de ler. Três ou quatro gatos pingados. Então, eu me pergunto. Que tipo de geração seremos? Que valores passaremos adiante? Ou mesmo, o que é a cabeça dessas pessoas? (Sim, dessas, refiro-me assim, porque cultuo livros.) Que tipo de jovens há hoje em dia nesse país? Enfim, dá pra tirar conclusões pela respostas dos mesmos: "A única coisa que eu leio é Scrapbook no Orkut."
Perguntaria-lhes que tipo de gente é essa que participa com prazer desses programas, ou que passa o dia inteiro ligado nesse tipo de canais, ou mesmo, ligado na televisão. Mas acho que eu iria muito a fundo, e já começaria críticas às emissoras. E como não é esse meu pretexto... fica aqui, somente a minha indignação...